Atriz / Cineasta / Cantora / Compositora
[21 / 02 / 1935 <==> 09 / 10 / 2013]
Norma Aparecida Almeida Pinto Guimarães D'Áurea Bengell, mais conhecida como Norma Bengell, foi uma das maiores musas do cinema e do teatro brasileiros nas décadas de 50, 60 e 70, lembrada pelo público por suas inúmeras participações em filmes para cinema e TV, e também em telenovelas.
Norma Bengell foi filha única de um alemão, afinador de pianos, com uma jovem rica da zona sul carioca.
Esta perdeu sua fortuna ao ser deserdada pelo pai, uma vez que seus pais não aprovavam o namoro e por escolher ir viver junto com um homem sem ser casada.
Em virtude de tudo isso, Norma foi criada em condições humildes em Copacabana.
Aos 10 anos de idade, por inúmeras brigas em seu lar, seus pais se separaram, e por sua mãe não ter condições de criá-la, Norma teve que ir embora com o pai para viver com os avós paternos na Alemanha, onde passou o fim de sua infância e toda sua adolescência, tendo sido uma jovem muito rebelde, não aceitando regras sociais, e por conta desta rebeldia, foi internada em um colégio de freiras, mas foi expulsa de lá e abandonou os estudos, voltando a morar no Brasil com a mãe.
Passando dificuldades, começou a trabalhar no início dos anos 1950, primeiro como modelo e, depois, como vedete do teatro de revista, onde também desenvolveu seu lado de cantora.
O convite para fazer cinema veio aos 23 anos, quando contracenou com Oscarito na chanchada "O Homem do Sputnik" (1959), de Carlos Manga, fazendo uma paródia de Brigitte Bardot.
No mesmo ano, lançaria seu primeiro LP, "OOOOOOh! Norma", com canções como "Fever" (sucesso na voz de Peggy Lee) e "Eu Sei que Vou te Amar" (Tom Jobim).
O álbum chamou atenção por sua capa, com uma foto em que Norma parecia estar nua.
Dois anos depois, foi a primeira atriz brasileira a apresentar-se em uma cena de nu frontal, no filme Os Cafajestes, de 1962.
Chamou a atenção pela sua sensualidade, cantando e parodiando a famosa atriz francesa Brigitte Bardot.
Sua nudez explícita no longa "Os Cafajestes", de Ruy Guerra, causaria escândalo, tornando-a alvo de críticas violentas da Igreja Católica e de organizações como a Tradição, Família e Propriedade (TFP).
Sua atuação no premiado "O Pagador de Promessas", de Anselmo Duarte (1920-2009), rendeu convites para atuar em produções italianas e francesas, como "Mafioso" (1962), de Alberto Lattuada, e "La Constanza della Ragione" (1964), de Pasquale Festa Campanile.
De volta ao Brasil, atuou em "Noite Vazia" (1964), de Walter Hugo Khoury, e, durante as filmagens, se casou no estúdio da Vera Cruz com o ator Gabriele Tinti, em altar improvisado pelo diretor.
Em 1968, época da repressão no Brasil, e também quando encenou a peça "Cordélia Brasil", de Antônio Bivar, em São Paulo, foi sequestrada no Teatro de Arena e levada ao Rio por três homens do 1º Batalhão Policial do Exército.
Lá, foi interrogada por cinco horas com acusações de "subversão na classe teatral".
Seria a primeira de várias detenções pelo regime militar, que a levaram a se exilar na França em 1971.
Quatro décadas depois, foi reconhecida pelo governo brasileiro como anistiada política e teve direito a uma indenização de R$ 254,5 mil, além de um pagamento mensal de R$ 2.734.2
Sua atuação política durante a ditadura renderia ainda uma polêmica involuntária em 2010, quando a então candidata a presidente Dilma Rousseff colocou, entre fotos de sua trajetória pessoal, uma imagem de Bengell durante a Passeata dos Cem Mil.
O episódio foi tratado como uma tentativa de induzir os eleitores ao erro, devido à semelhança física entre ambas.
"Acho normal. Não tem nada que pedir desculpas.
Aliás, eu gosto da Dilma. Acho que ela é maravilhosa, uma mulher que sofreu muito", disse a atriz à Folha.
Em 1984, filmou com Mick Jagger o videoclipe da música "She's the Boss", em que fazia o papel de "fazendeira decadente e autoritária".
Além de atriz de teatro, cinema e novelas como "Partido Alto", da Globo, Bengell ainda gravou discos como "Norma Canta Mulheres", produzido por Guilherme Araújo.
Como cantora, seu primeiro sucesso foi em um disco de 78 rpm (fabricado em baquelite naquela época) com "A lua de mel na lua" e "E se tens coração" (da trilha sonora do filme "Mulheres e milhões", de Jorge Ilely).
Após anos gravando participações em trilhas sonoras e discos de outros artistas, seu segundo LP "Norma canta mulheres", sai apenas em 1977, com composições de Dona Ivone Lara, Luli e Lucina, Marlui Miranda, Dolores Duran, Chiquinha Gonzaga, Rosinha de Valença, Glória Gadelha, Sueli Costa, Rita Lee, Joyce e Maysa, além de "Em nome do amor", parceria de Norma com Glória Gadelha.
A carreira de Norma Bengell como diretora seria conturbada desde o início, em 1987, com o longa "Eternamente Pagu", sobre a poeta e feminista Patrícia Galvão, apelidada de Pagu.
Ela atribuiu as dificuldades para conseguir verbas ao "machismo e misoginia" dos "burocratas da Embrafilme", e teve de recorrer ao então presidente José Sarney para conseguir financiamento.
Também brigou com uma das roteiristas do filme e com críticos que deram avaliações negativas.
Norma Bengell depois tentaria a carreira de diretora, realizando, nessa função, o filme de 1996 "O guarani", baseado na obra do romancista José de Alencar.
Por conta deste filme, caiu em desgraça após o imbróglio jurídico envolvendo a prestação de contas deste filme que foi um fracasso de público e de crítica.
O filme teve autorização do MinC para captar R$ 3,9 milhões via renúncia fiscal, mas levantou R$ 2,99 milhões.
O MinC achou notas frias na prestação de contas e passou o caso ao Tribunal de Contas da União, que também acusou retirada de "pró-labore" (quantia que o produtor destina a si mesmo pelo trabalho realizado) em valor superior ao permitido.
O TCU determinou então a devolução de R$ 3,8 milhões.
A Justiça do Rio decretou a indisponibilidade de seus bens e ela foi indiciada pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e apropriação indébita.
Em entrevista à Folha, em 2007, a diretora disse ter "a consciência limpa".
Segundo ela, o ministério "implicou com uma nota dada por uma pessoa que não tinha pago ISS ou INSS, um 's' desses". Bengell diz que, ao perceber que havia levantado mais dinheiro do que precisaria, devolveu R$ 500 mil ao MinC.
Em 2008 assinou contrato com a TV Globo até novembro, efetivando assim sua personagem "Deise Coturno" até o fim da segunda temporada da série "Toma Lá, Dá Cá".
Antes, ela já havia feito participações esporádicas após a saída temporária do ator Ítalo Rossi, que vivia o "Seu Ladir".
Em 2010 sua foto foi utilizada pela pré-candidata do PT à Presidência da República, a ex-ministra Dilma Rousseff, em seu síte oficial.
Tal atitude provocou polêmicas, inclusive a acusação do uso indevido da imagem e associação da atriz.
No entanto, Norma Bengell desmentiu ter descontentamento e manifestou apoio à pré-candidata.
Em 27 de abril de 2010 em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, a atriz Norma Bengell disse que não viu problema algum no uso de uma foto sua no website de Dilma na Web.
A fotografia de Bengell aparece numa ilustração da seção “Minha vida”, que conta a trajetória de Dilma e o contexto histórico do país desde a década de 1960.
Disse Norma Bengell: "Eu não vi, não. Uma amiga viu e me contou.
Acho normal. Não tem nada que pedir desculpas.
Fiz parte das passeatas contra a ditadura.
Aliás, eu gosto da Dilma.=
Acho que ela é maravilhosa, uma mulher que sofreu muito.
Tomara que ganhe", afirmou ela, dizendo ter simpatia pela ex-ministra da Casa Civil.
Seu primeiro e único casamento foi com o ator italiano Gabriele Tinti.
Se conheceram em 1963 e em 1964 chocaram a sociedade conservadora da época, pois foram morar juntos sem serem de fato casados, coisa que na época era um verdadeiro escândalo.
A união durou até 1969, pois a artista não queria se sujeitar a um casamento em que o homem comandava tudo, querendo proibi-la de trabalhar.
Após a separação, Norma chocou mais uma vez a sociedade e foi morar sozinha, se mantendo com recursos próprios, e se declarou feminista, passando a lutar em manifestações e sindicatos pelos direitos das mulheres, defendendo o direito feminino de se divorciar, trabalhar, fazer aborto, caso queira, assim como o uso da pílula e do preservativo, o que causou revolta a igreja católica e a sociedade daquela época.
Querendo aproveitar a vida sem ter um relacionamento sério, jamais quis casar-se de novo, e revelou ter tido muitos namorados e amantes; alguns eram famosos, e outros anônimos.
A artista confessou sem culpas ter realizado 16 abortos, fruto desses diversos relacionamentos que teve, pois jamais quis ser mãe, e o acesso a métodos anticoncepcionais na época era muito difícil.
Norma Bengell faleceu de câncer de pulmão, no dia 09 de outubro de 2013.
A doença foi diagnosticada seis meses antes de seua morte, mas a atriz não quis se tratar, e isso piorou sua depressão, pois a alguns anos estava quase sem dinheiro nenhum, passando a fumar muito mais do que o de costume.
Norma Bengell foi internada no Hospital Laranjeiras (Rio de Janeiro), pois seu quadro de falta de ar se agravou muito, quando não mais resistiu.
Seu corpo foi velado no mesmo dia de sua morte, no Cemitério São João Batista e cremado no dia 10 de outubro, no Cemitério do Caju.
A artista estava morando sozinha em seu apartamento a muitos anos, em Copacabana, e no últimos anos recebia cuidados de uma acompanhante de idosos, já que enfrentava problemas de coluna e andava em cadeira de rodas.
Causa da Morte: Norma Bengell morreu por volta das 3:00' da madrugada de 09/10/2013 no Hospital Laranjeiras (Unidade Bambina - Rio de Janeiro), com 78 anos de idade, devido à complicações provocadas por Câncer de Pulmão.
Sepultamento:
O corpo de Norma Bengell voi velado no Cemitério São João Batista na Cidade do Rio de Janeiro, e posteriormente foi cremado no Cemitério Memorial do Carmo - Caju - Zona Portuário do Rio de Janeiro.
Av. Monsenhor Manuel Gomes, 287 - Rio de Janeiro.
Suas cinzas foram entregues à sua família.
Coordenadas GPS (Latitude / Longitude) (Cemitério):
[22°53'18.43"S / 43°13'14.21"W]
[Clique nas Coordenadas acima para acessá-las no Google Maps!]
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